Centro de Investigação e
Desenvolvimento da Educação
Visando a mudança de paradigmas ao nível do pensar o ensino superior na província da Huíla, enquadrado no seu plano de desenvolvimento Institucional, o ISCED-HUÍLA abraçou o desafio da consolidação de três princípios que devem determinar a sua acção: ensino, pesquisa e extensão. É neste quadro de análise que se pensou na institucionalização de alguns centros de investigação, dos quais queremos destacar o Centro de Investigação e Desenvolvimento da Educação do ISCED-HUÍ LA (CIDE-ISCED).
Os princípios reitores deste Centro estão enraizados na ideia de se conformar um novo paradigma ao nível do instituto, promovendo uma dimensão de pesquisa capaz de responder às necessidades do ISCED-HUÍLA e da província em geral. Esta nova abordagem introduz a responsabilidade de realizar estudos capazes de fornecer diagnósticos e propostas exequíveis aos gestores dos mais variados sectores que comandam a estrutura governativa da província.
Assim, tendo como base de análise o decreto nº 07/09 de 12 de Maio, que cria novas instituições de ensino superior públicas, conferindo ao Instituto Superior de Ciências da Educação da Huíla alguma autonomia e, consequentemente, o decreto nº 143/12 de 25 de Junho, que aprova o estatuto orgânico do ISCED da Huíla, definem-se as Ciências da Educação como área de conhecimentos em que se inscrevem as linhas de pesquisa do Centro em referência.
A matriz inicial do CIDE está baseada em quatro linhas de investigação:
(1) Sociedade, Políticas de Ensino e Desenvolvimento Curricular;
(2) Metodologias de ensino e Práticas Pedagógicas;
(3) TIC Aplicadas à Educação e Desenvolvimento;
(4) Avaliação Institucional e Impacto das Formações. As linhas reitoras do presente Centro não descuram as novas perspectivas de investigação que induzem uma forte componente de interdisciplinaridade e transversalidade de conhecimentos. Do leque de linhas investigativas do CIDE, evidenciamos as tarefas que confluem na sua missão:
i. Promover e apoiar projectos de formação pós-graduada, bem como cursos de extensão destinados à divulgação, actualização, aperfeiçoamento ou especialização;
ii. Criar e desenvolver, por si só, ou em articulação com outras instituições, projectos e serviços especializados;
iii. Desenvolver uma base de dados sobre a gestão da educação na província da Huíla, assim como para outras áreas de investigação pertinentes ao escopo do Centro;
iv. Experimentar e estudar modelos para melhorar o sistema de gestão da educação nas escolas da província da Huíla e do país;
v. Organizar e participar em actividades de pesquisa que se relacionem com a população, suas tradições, educação, conservação da saúde mental e física e estratégias de resolução de problemas;
vi. Estabelecer intercâmbio científico;
vii. Difundir os conhecimentos e resultados obtidos pelo desenvolvimento das suas actividades.
Apesar de pioneiro em termos de pesquisa científica, o CIDE-ISCED é, sem sombra de dúvidas, o pivot da investigação científica na região sul de Angola, pois os dilemas educacionais e outros são transversais às demais províncias da região. Esta amplitude institucional justifica-se também pelos vários núcleos a seguir enumerados: núcleo de educação, núcleo de psicologia, núcleo de metodologia de ensino, núcleo de línguas, núcleo de cultura e sociedades e núcleo de ciências puras.
Do ponto de vista administrativo, a gestão e funcionamento do CIDE são assegurados por uma direcção, coordenação de núcleos, secretaria e conselho científico, destacando-se os seguintes órgãos: a) Coordenador; b)- Coordenador adjunto para a Área Científica; c)- Coordenador Adjunto para a Administração e Finanças; d)- Supervisor; e)- Supervisor Adjunto; f)-Secretário; g)-Secretário Adjunto; h)-Conselho Científico.
2. Actividades realizadas recentemente
No âmbito das actividades já levadas a cabo, podemos destacar um Curso Introdutório às Técnicas de Arqueologia de Campo e de Gabinete; Estudo sobre as Crianças Fora do Sistema de Ensino ou em Risco de Abandono Escolar; Perfil Educacional da Província da Huíla e do Namibe; Mapeamento/Construção da Carta Escolar da Província da Huíla; abertura do Mestrado em Ensino da História de África.
2.1. Curso Introdutório às Técnicas de Arqueologia de Campo e de Gabinete
O mesmo foi organizado em parceria com o Centro de Estudos Africanos (CEA) da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e visou a introdução de uma nova abordagem da Arqueologia, nas seguintes temáticas: Introdução à Arqueologia; Trabalho de Investigação; Prospecção arqueológica; Acompanhamento de Obra; Escava ção arqueológica; Trabalho de Laboratório e Gabinete.
Tendo em conta o grande acervo arqueológico depositado numa das salas do ISCED-HUÍLA e recolhido na década de 70, no auge da antiga Faculdade de Letras, o CIDEISCED tem o projecto de elaborar a Carta Turística e Arqueológica da Província da Huíla, cujo objectivo primordial é o mapeamento e inventariação dos sítios de impacto turístico-arqueológico e desenvolvimento de um museu arqueológico da província da Huíla, assinalando, essencialmente, as diferentes fases da idade da pedra e não só.
2.2. Estudo sobre as Crianças Fora do Sistema de Ensino ou em Risco de Abandono Escolar
No ano de 2016 foi concluído com êxito o estudo em referência, tendo sido apresentado o respectivo relatório ao nível da província da Huíla, que teve como amostragem seis (6) municípios e suas comunas mais distantes:
Depois de uma abordagem profunda ao nível das principais barreiras de acesso à educação, sintetizadas em barreiras económicas, barreiras sócio-culturais, barreiras de fornecimento da educação, barreiras políticas e de governação, o estudo inferiu que a população total de crianças na faixa etária entre os 5 e os 11 anos é de 551,981, sendo que, destas, apenas 381,045, (correspondente a 69%) se encontram a frequentar o Ensino Primário. Por sua vez, para uma população total de 170,303 crianças entre os 12 e os 14 anos, apenas 12,451, (correspondente a apenas 7%) se encontram a frequentar o 1º Ciclo do Ensino Secundário.
Na província há mais raparigas do que rapazes a frequentar a escola (191,303 contra 189,742 no Ensino Primário e 6,587 contra 5,864 no 1.º Ciclo).
Esta tendência acentua-se nos meios urbanos e inverte-se ligeiramente nos meios rurais (OOSC, 2016: 5,6).
O referido projecto foi financiado pelo UNICEF e contou com o apoio do Governo Provincial da Huíla, da Direcção Provincial da Educação, Ciência e Tecnologia da Huíla e do ISCED-HUÍLA.
2.3. Perfil Educacional da Província da Huíla e do Namibe
Em colaboração com a ONG AIF (African Innovation Foundation) e com o objectivo de diagnosticar e obter uma perspectiva mais abrangente ao nível do sector da educação, o Centro de Investigação e Desenvolvimento da Educação do ISCED-Huíla participou no cadastramento de toda a rede escolar da província da Huíla e Namibe no sentido de garantir uma intervenção mais efectiva ao nível daquilo que são os mais variados constrangimentos que o sector enfrenta. O projecto em alusão contou coma colaboração dos governos provinciais da Huíla e Namibe e com o financiamento da AIF.
2.4. Mapeamento/Construção da Carta Escolar da Província da Huíla
No seguimento do cumprimento dos objectivos do Milénio relativamente à equidade no acesso à educação e garantia de qualidade no referido processo, o Governo Provincial da Huíla, a DPECT- Huíla (Direcção Provincial de Educação Ciência e Tecnologia), o GEPE-MED (Gabinete de Estudos Planeamento e Estatística do Ministério da Educação), o UNICEF e o CIDE-ISCED Huíla iniciaram um processo de recolha de informação escolar ao nível da província da Huíla para a subsequente configuração e desenvolvimento do projecto “Carta Escolar da Província da Huíla”. Garcia et al (1998) define a carta escolar como sendo, […] um instrumento de planeamento do sistema ou subsistema educacional que permite o estudo das condições sociais, econômicas, demográficas, culturais, fisiográficas, urbanísticas e arquitectônicas de comunidades que abrigam sistemas escolares. Além disso, ela indica as acções que permitirão a organicidade da rede física escolar, no sentido do atendimento das demandas específicas de cada nível, para garantir facilidades de acesso, segurança e conforto compatíveis com as faixas etárias dos usuários. […] É também um instrumento operacional cujo suporte físico é um mapa topográfico, com escala que permite uma representação suficientemente precisa e detalhada da rede escolar, com suas características específicas e com os elementos que influenciarão na escolarização (Garcia at all, 1998: 32,33).
No processo de mapeamento escolar, foram inventariadas e georreferenciadas as escolas da província da Huíla e desenvolvida uma enorme base de dados sobre as particularidades da educação em toda a dimensão da província.
No seguimento do tratamento dos dados, decorre neste momento a finalização da tão augurada Carta Escolar da Província da Huíla, que servirá de base para todo o processo de gestão e micro planificação da Educação em toda a dimensão da província da Huíla. Eis, abaixo, um pequeno mapa ilustrando o impacto de escolas do ensino primário e do 1.º ciclo:
Descrevendo o mapa acima, as manchas em azul delimitam as aldeias ou bairros com escolas do ensino primário e do 1º ciclo; a cor verde representa as áreas bem servidas em termos de escolas; a transição entre o amarelo e o vermelho integra as zonas mal servidas. As linhas violeta representam a convergência ou divergência relativamente ao percurso das crianças do centro da aldeia à escola. Evidencia- se que alguns alunos vivem na localidade da escola e outros em bairros ou localidades diferentes.
2.5. Abertura do Mestrado em Ensino da História de África
Atendendo à necessidade de se fazer uma releitura da História, tendo em conta o facto de se ter passado para uma perspectiva da mesma que contraria o modelo anterior, a História dos vencedores, o CIDE-ISCED tomou a iniciativa de introduzir um projecto de mestrado em Ensino da História de África, aprovado em decreto executivo nº 575/17. O mesmo constitui uma oportunidade ímpar para problematizar, discutir e desconstruir determinados postulados outrora doutrinados.
Trata-se de mais uma oferta formativa ao nível do sudoeste angolano, e não só, que poderá fornecer importantes instrumentos didáctico-metodológicos para o ressurgimento da pesquisa histórica da região e do país.
Perspectivas
Em conformidade com a sua missão e os objectivos a que se propõe alcançar, o CIDE tem como perspectivas as seguintes:
• Organizar cursos de análise de dados (pesquisa qualitativa e quantitativa);
• Elaborar a carta turística e arqueológica da província da Huíla;
• Elaborar a “carta religiosa” da província da Huíla – georreferenciar e relatar o histórico dos locais de culto na província da Huíla;
• Organizar uma conferência sobre o quadro geoestratégico internacional;
• Concretização do projecto:
“O Que Resta do Étnico em Angola? Um Olhar Sobre as Idiossincrasias Culturais do Sudoeste e Centro de Angola”. Este projecto será uma compilação de pequenos filmes etnográficos do Sul de Angola e contará com o apoio técnico da produtora cinematográfica Geração 80;
• Realizar uma Conferência Internacional sobre as Minorias Étnicas;
Relativamente ao município dos Gambos:
• Realizar o mapeamento hidrogeológico e hidrológico, incluindo os furos;
• Estudo hidroclimático;
• Mapeamento do uso e ocupação do solo com destaque para as pastagens e vegetação arbustiva;
• Estudo da acessibilidade aos pastos.
Outros projectos desenvolvido pelo CIDE
- Práticas, Consumos e Riscos Digitais dos Jovens Estudantes Angolanos
- Linha Final – Projecto Central Emergency Response Fund - CERF
- Assistência às Aulas e Aquisição de Conhecimentos Off e On- line no ISCED da Huíla
- Linha de Base de Transferências Monetárias nas Províncias de Huíla, Cunene e Cuando Cubango
- Relatório de Compilação de Dados Referentes ao Processo de Intervenção no Município dos Gambos à Luz da Mitigação do Fenómeno da Seca
- Seca em Angola. Ponto de Situação 2020-2021. Causas Respostas e Soluções
Eventos
Organizadores:
Helder Alicerces Bahu;
António Valter Chissingui;
João Hequer;
Abel Bala